REVOLUÇÃO DE JANEIRO – PRÊMIO AIL

Enquanto a mídia ia minando as bases dos malfadados situacionistas, o acadêmico Ulisses Braga conclamava a população para a Passeata da Libertação. O movimento, embora vindo do recém-criado Fórum da Sociedade Civil Organizada, fora batizado como Movimento da Cidadania – SOS Imperatriz.

Às 14 horas do dia 18 de janeiro de 1995, numa passeata que reuniu centenas de pessoas, foi decretado o fim da “Era Davi”, com a expulsão de seu subserviente Salvador Rodrigues de Almeida, da prefeitura. Diante de tamanho e inesperado acontecimento, a governadora Roseana Sarney nomeou o empresário Ildon Marques como interventor provisório.

Infelizmente, ainda não estaria realizado o sonho do povo Imperatrizense! Embora em menor escala, as falcatruas e desmandos continuavam. No dia em que o Fundo de Participação do Município (FPM) era enviado, Davi era o primeiro cliente do banco e levava todo o dinheiro que estava na conta da prefeitura. Bem! Comentava-se.

Recapitulando: o Prêmio AIL foi criado durante esse período de Intervenção do empresário Ildon Marques, designado prefeito interino nomeado pela governadora do Maranhão, Roseana Sarney, pela Lei nº. 774/95, que teve nova redação em 1997 com a Lei nº. 816/97. A finalidade do prêmio criado por ele era incentivar a produção literária “de relevante contribuição para a educação e a cultura da Região Tocantina”. Ildon Marques criou o Prêmio AIL inicial de cinco mil reais, ao autor da melhor obra do ano, até 1998.

Neste ano – por recomendação do confrade fundador da AIL, Edmilson Sanches, 4º presidente para o período de 27 de abril de 2003 a 27 de abril de 2005 – a comissão elegeu o livro da pesquisadora Maria José Sampaio Moreira, a Zequinha Moreira, autora da obra “Simplício Moreira – Precursor do Desenvolvimento de Imperatriz”. Sanches – apesar do merecimento da autora – dizia-se realizado por premiar uma não acadêmica. Lembro que muitos discordaram, por causa do Art. 4º que era bem claro: “A escolha e a apresentação dos premiados serão de exclusiva competência da Academia Imperatrizense de Letras, cujos critérios de seleção constam no Regimento interno da entidade”.

Ainda hoje, para participar da Academia Imperatrizense de Letras, uma das cláusulas exigidas e que o candidato tenha, pelo menos, um livro editado. De fato, há bons escritores no sodalício! Neste ano de 2024 – não lembro o número de concorrentes – mas sei que a quantidade de livros a serem julgados foi totalmente desproporcional ao tempo disponível para que cada membro da comissão avaliasse e demonstrasse àqueles que sonharam com o prêmio, a razão de não terem, sequer, certeza de que seu livro fora lido e julgado. A decisão da nova comissão pareceu mesmo desconsiderar os livros dos acadêmicos.

Excluiu-se a comissão de acadêmicos e criou-se outra, agora de professores da Universidade Estadual do Sul do Maranhão. Para ser sincero, não conheço os eleitos, nem a comissão julgadora de lá, mas concluí pelos resultados dos dois últimos anos, que a comissão anterior fora injusta ao eleger 99% de escritores acadêmicos ao Prêmio anual sobre a melhor obra durante vários anos! Afinal, os ganhadores acadêmicos devem ter sido beneficiados pelos confrades/julgadores, enquanto os grandes e merecedores continuavam desconsiderados.

Em 2024, o confrade Agostinho Noleto – se não o melhor – mas um dos grandes escritores de nossa região: – Violência e Justiça em Contraponto, Guerrilheiros Sem Rosto, Velho Jaborandy, Portal da Amazônia, Kelbellyn, o Caçador de Enganos e mais uma descrição perfeita sobre sua caminhada para Compostela, o Caminho de São Tiago. Presidente de nossa Academia, advogado, professor…., resolveu participar. Penso que ele esperava ser reconhecido, mas não foi! Ainda que ele morra sem admitir, ficou muito chateado, permanecendo ausente em nossas reuniões por um bom tempo. A desconsideração foi percebida pela comissão, que tentou amenizar com palavras.

Não sei, também, se os ganhadores de todos os prêmios nestes dois últimos anos, apresentaram suas obras no tempo em que a comissão era de acadêmicos. Apesar do cheiro de insinuação, o certo é que: filho de um casal negro, nascendo loiro de olhos azuis, ou é milagre, ou traição. A Comissão de acadêmicos, elegia escritores acadêmicos, mesmo porque era norma do Regimento Interno; a comissão da UEMA, não deixou por menos. Até hoje ainda não sei quem criou essa comissão, por isso peço desculpas pela ausência de detalhes.

Esse Prêmio, raríssimas vezes foi entregue a obras literariamente merecedoras. Apesar do Alzheimer, recordo do primeiro quando, como comissão soberana, reunimo-nos e votamos para que o prêmio fosse dado ao poeta Benedito Batista, que andava muito doente e praticamente sem condições financeiras para o tratamento.

Em todas as comissões até hoje criadas, poucas obedeceram aos verdadeiros critérios. Aceitemos ou não, a empatia, a amizade, o interesse, a convivência, a gratidão, a necessidade, o parentesco, os favores, a vingança, a inveja, o ativismo, enfim, qualquer uma dessas prerrogativas inibe até mesmo a decisão da mais honrada, capacitada e bem-intencionada comissão.

Mais um pouco, a comissão julgadora mudará novamente e novos escritores ressurgirão como a Fênix mitológica. Ocupantes das cadeiras vagas da ABL, NOBEL, MELHOR DO MUNDO em alguma coisa…., pensem bem e vejam se há diferença. É como se pudéssemos afirmar que 99% das vezes, o maior ou o melhor indicado, não o é por merecimento. É assim que funciona!

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