A RAÇA INDÍGENA NO BRASIL
Futuro determinado

Quase todo ser humano tem um tempo (em geral na adolescência), em que se sente dono da verdade. Confunde o vigor físico, com o intelectual. É muito comum amadurecerem as ideias e mudar, até mesmo se envergonhando daquilo que afirmou anteriormente. No meu caso, em relação ao problema indígena, o meu ponto de vista continua o mesmo de 30 anos atrás, ou seja, NÃO TEM SOLUÇÃO.

A situação indígena, tanto no Brasil como em qualquer parte do mundo, assemelha-se a um velho centenário doente: pode juntar egrégios médicos, colocá-lo no melhor hospital do mundo, tomar os mais indicados remédios existentes para o caso… ele irá morrer, simplesmente porque quando chega a hora, “não tem tatu que dê jeito”.

Não importa que se afirme que os territórios indígenas são inalienáveis, indisponíveis e de direitos imprescritíveis. Ninguém consegue modificar o rumo da história. Há coisas que acontecem no mundo, quer queiramos, quer não. Não bastasse, leis são temporárias e só vingam enquanto satisfizerem os promulgadores.

Há 30 anos eu já estava consciente de que é impossível conseguir um belo jardim dentro de uma pocilga, querendo dizer que o progresso e os índios encontram-se num jogo de cabo de guerra e que, a parte da corda dos índios, sempre será a mais fraca.

Se quiserem saber dos direitos dos índios nas terras que ocupam, leiam o capítulo VII da Constituição de 1988. Ali, só não lhes foi assegurado, por lei, o direito de matar. Até pouco tempo, devido a quantidade de riquezas do Brasil, somada à imensidão territorial, houve aparente convivência pacífica. Era fartura demais para pouco consumidor. Agora, porém, as coisas começam a tomar rumos diferentes: “brancos” invadem; índios se defendem; massacres se sucedem. Não serão índios com bordunas que farão frente aos fuzis dos brancos gananciosos.

A cultura indígena – se querem preservá-la para a posteridade – tratem de fotografá-la, escrevê-la, enfim, documentá-la, porque, irreversivelmente, ela irá desaparecer da face da terra. Sem intenção comparativa, afirmo: acontecerá com ela o mesmo que aconteceu com as tantas espécies já desaparecidas. Há vidas que nasceram para um tempo, ou seja, apareceram, adaptaram-se e viveram enquanto as condições lhes foram favoráveis. Depois se vão, de bom ou mau grado, por inadaptação ou imposição. A lei dos mais fortes que sempre imperou na Natureza, vale também para nós que dela fazemos parte, ainda que nos ufanemos de ser os únicos animais com sentimentos.

Com o aumento populacional e a ganância dos “brancos”, as reservas indígenas – assim como as riquezas que contêm, mudarão de dono. Isso é apenas uma questão de tempo: nossa ambição é superior ao direito deles. E queira Deus que a coisa continue se processando lentamente, de maneira que poucas pessoas percebam.

Sem se darem conta, os índios vão caindo na armadilha, como inocentes insetos que penetram no interior de uma planta carnívora. Com a falsa ideia de que havia terra demais, os legisladores aprovaram áreas exorbitantes para os indígenas, mesmo nas que haviam riquezas em cima e sob o solo. Isso atraiu o interesse e a ganância de muitas outras nações, que entraram no jogo camuflados de ONGs e outros disfarces.

Nossos índios já estão preferindo antenas parabólicas, filmadoras, câmeras fotográficas, televisões, carros importados, calças jeans, botas de couro…  Para tanto eles precisam do nosso dinheiro e dos meios desastrosos para consegui-lo: explorar madeiras e garimpos, podem servir como exemplo. São raros os indígenas que estão preocupados com a cultura de sua raça e com a preservação da Natureza. Provaram do fruto… e gostaram. São como inocentes insetos buscando refúgio e alimento sob as asas de morcegos vorazes.

Mas, não imaginem que o “índio” esteja em extinção! ” Pelo contrário: sua população está crescendo. Só no Brasil, eles representam mais de 4,5% da população. E não é só por aqui que isso está acontecendo: na Austrália, no Canadá, nos Estados Unidos; na Colômbia, no Peru, enfim, em todos os lugares, o processo de crescimento dos povos indígenas é percebido. Mas, já não são propriamente índios, e sim uma raça descaracterizada, aculturada, que busca a sobrevivência nos mesmos moldes dos brancos.

Dizem que 12 a 13% do território brasileiro pertencem aos índios. São reservas: garantia para o futuro do País. Mas eu digo: É, apenas, uma garantia de protelação, de adiamento…, mas nunca um futuro garantido.

Que me diz o leitor dos pedaços de reservas naturais em lugares valorizados de qualquer país do mundo? Infelizmente, queiramos ou não, o rolo compressor do poder fará da Natureza e dos povos indígenas, indústrias de produção. Os milenares jequitibás darão lugar aos pomposos edifícios; os bosques com nascentes e pássaros, a pousadas e hotéis cinco estrelas; as quedas d´água, às hidrelétricas; as cachoeiras, a recantos sofisticados que exploram o turismo… Que Nostradamus não se irrite com minha concorrência!

Devagarzinho, vai sendo difícil decantar nossos índios da miscelânea étnica que estão propiciando. Haja DNA para descobri-los daqui a alguns milhares de anos!

Já é visível sua absorção. Já temos índios advogados, médicos, casados com brancos, disputando campeonato brasileiro de futebol, morando no exterior… índios aculturados e, quem sabe, até escondendo sua identidade por vergonha.

É bem verdade que, uma vez surgida, uma raça se torna muito resistente ao extermínio total. Os testículos de Abraão resistiram Hitler no passado e a mais inconsequente animosidade entre suas ramificações de hoje pela Palestina. Contudo, há raças, como a indígena, que é impotente para vingar.

Enquanto os judeus traziam “o estigma de Deus”, os indígenas parecem não fazer parte da predileção. O certo é que, assim como vem acontecendo com as raças indígenas dos países desenvolvidos, assim será aqui quando o desenvolvimento chegar plenamente. Não há discurso, lei ou boa intenção que irá impedir. Os próprios que são pagos para defendê-los, farão o leilão da existência deles. Como já estão fazendo.

Veja:

Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.

O verdadeiro índio tem condições de ingressar em juízo?

Art. 67. A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição. (5 de outubro de 1988).

Nossos governantes devem estar usando a mesma contagem de tempo que foi usada por Deus para criar o mundo.

Por enquanto ainda há muita terra devoluta e, protegidos pela lei, os verdadeiros índios se defendem na borduna. Mas os brancos, como água de temporais, sobem sem parar, invadindo, lenta e progressivamente, até se apossarem de tudo.

Aos índios remanescentes – antes da absorção total – restará o fim trágico nas favelas, num canto de calçada com um prato na mão, ou, quem sabe, num laboratório de universidade. É apocalíptico e, estou certo, não verei o desfecho desta tétrica profecia, mas sei que o fim não somará muitas gerações. E então, numa tribuna qualquer, o decano indígena arrancará lágrimas de nossos tetranetos, pelas injustiças cometidas pelos tetravôs deles.

Pesquisa:
A população indígena, que corresponde a 0,2% da população total do Brasil, vive em 546 áreas do país e fala 170 línguas. Após um declínio constante, que chegou a um total mínimo nos anos 70, seu número começou a aumentar. Segundo as cifras do censo especial, a população em 1990 era de 230 000 pessoas, e o seu total de 330 000.

A primeira organização nacional indígena (UNI) foi criada em 1980 e outras surgiram desde então, assim como surgiram líderes indígenas conhecidos internacionalmente, como Ailton Krenak, Paulo Paiakan e Davi Yanomami. A partir dessa época, intensificou-se a ação de diferentes grupos indígenas e não indígenas em defesa de sua sobrevivência, seus direitos e seu desenvolvimento. Em 1967 criou-se a FUNAI, órgão governamental encarregado de aplicar as políticas indígenas, que continuam a desempenhar papel central em relação à situação dos direitos humanos dos povos indígenas.

Extraído do Relatório sobre a situação dos Direitos Humanos no Brasil – Secretaria Geral de Organização dos Estados Americanos, 1997.
Como percebem, se Moisés não emprestar o cajado mágico, também aqui eles serão extintos da Terra Prometida.

Voltar