“AMAZÔNIA: INSÔNIA DO MUNDO”
Título criado por Marcel Pilatti e reforçado pela bela música de Roberto Carlos

Introdução:

A Amazônia é uma região da América do Sul definida pela bacia do rio Amazonas e coberta em grande parte por floresta tropical. É conhecida, também, por Floresta Equatorial ou Hileia.  Possui 60% de sua cobertura em território brasileiro.

A bacia hidrográfica da Amazônia, no Brasil, tem muitos afluentes importantes, tais como o rio Negro, Tapajós, Juruá, Purus, Madeira, Xingu, Trombetas, sendo que o rio principal é o Amazonas.

Ele nasce na cordilheira dos Andes e estende-se por nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. É considerado o rio mais volumoso do mundo.

É chamado também de Amazônia, o bioma que, no Brasil, ocupa 49,29% do território, sendo o maior bioma terrestre do país.
Uma área de seis milhões de hectares no centro de sua bacia hidrográfica, incluindo o Parque nacional do Jaú, foi considerada pela UNESCO, em 2000 (com extensão em 2003), Patrimônio da Humanidade.

Por tudo isso, a Amazônia bem merece – tanto pela extensão como pela despoluição do planeta Terra – a preocupação mundial e a designação de “insônia do mundo”. Os países desenvolvidos, tendo como carro chefe os Estados Unidos, vivem pressionando o Brasil para que a preserve, alegando que ela é fundamental para diminuir a poluição do nosso planeta, mas, a bem pouco tempo, o presidente Busch negou-se a validar o “protocolo de Kyoto”, que exigia compromisso, principalmente de seu país, em diminuir a criminosa ação poluidora de suas fábricas.

MEU TESTEMUNHO

Por mais que os bem-intencionados lutem, os oportunistas não arredarão pé. As belezas naturais da Amazônia sucumbirão bem antes que se imagina, infelizmente.

Com algumas raras exceções, todos os anos eu passo minhas férias numa pequena parte da Amazônia. Fica lá no rio Uruará, entre a cidade de Altamira e Santarém, no Km 140.
Deixo a Transamazônica, adentro mais 100 quilômetros pela mata – antes totalmente virgem – e monto minha barraca às margens do rio Gaia, afluente cristalino do rio Uruará, repleto de impressionantes silhuetas de surubins ao fundo. Faço isso há, pelo menos, 10 anos.

Tudo começou em julho de 1996, quando um de meus sobrinhos convidou-me a acompanhá-lo para visitar a região na qual pretendia instalar-se.

Deixando-me numa tapera em que moravam uma idosa e seu neto, ele, acompanhado de um guia, o Gonçalo, andou durante três dias, até alcançar a margem do rio Uruará. Retornou alquebrado, moído, com as partes internas das coxas em carne viva, em vista da fricção continuada da calça jeans molhada, ora por chuva, ora pelo suor. Mas, voltou maravilhado e logo fechou a primeira compra de 500 alqueires de mata.

Em 1998, acompanhado de mais três irmãos, ele se instalou no Km 140. Em apenas alguns anos, eles já eram donos de toda a extensão percorrida em 1996, agora com estrada piçarrada, patrolada e larga.

Foi nesse tempo que comecei minhas visitas anuais, em busca de conhecimentos sobre os Tinamídeos brasileiros (tipos de inhambus: aves rasteiras que só voam se forem ameaçadas).

Como lembro de minha primeira viagem! Era perigoso aproveitar a boa estrada e andar a mais de 40 Km por hora. Antas, veados, porcos, onças… eram vistos na estrada, como se estivessem confusos com aquela trilha gigante, que bem podia ser – e era – a trilha de seu maior predador: o homem.

Pelo dossel da floresta, a algazarra dos psitacídeos, os guinchos de centenas de espécies de símios, o chirriar de corujas e gaviões, o “ganido” do tucano de coleira branca… confundiam-se com a singeleza da suave flauta do uirapuru, do sabiá verdadeiro, do jaó, com seu belo piado sempre presente às margens dos rios e igarapés.

E os anos foram passando, as indústrias instalando-se, o número de pessoas aumentando. Aquele lugar deserto de outrora ia recebendo gente, normalmente humilde, em busca de trabalho.

O que antes era conhecido apenas como Km 140, foi-se transformando numa vila, hoje, Vila Alvorada, que já pensa em virar cidade.

À medida com que a população aumentava, os milhares de bichos que antes cruzavam a estrada foram se transformando em centenas, dezenas…

E a destruição continuava. Aquelas terras devolutas e abandonadas, agora com estrada e velhos caminhões indo e vindo lotados de madeira para as serrarias, atraíram posseiros que se infiltraram em todo canto ainda vago. Munidos apenas de anzol e espingarda, eles iam sobrevivendo de bichos e peixes, até que algum madeireiro se interessasse pelas madeiras existentes no pedaço que ocupavam.

E assim, ano a ano, o contingente humano avançava e o dos animais, encolhia-se. Agora, estou voltando de lá. Fui e voltei à margem do Uruará e não vi, sequer, um jaboti atravessando a estrada.

Lindas e grandes fazendas de gado se instalaram e há gente para todo lado…. Até os peixes diminuíram, pois, a fartura de antes logo atraiu a ganância dos pescadores de rede, que acharam cômodo estendê-las à tarde e apenas recolherem os peixes pela manhã. Nada de anzol mais, nem para nós que íamos lá para pescar.

Daquela riqueza natural, apenas resquícios. Uma casa, bichinhos de estimação colhidos no ninho e criados em casa. Bichinhos que vivem pelos cômodos, dormem em casa, alimentam-se pela manhã e vão passear no mato. Se a fome aperta, retornam, como o caso das ararinhas de dona Alzeni.

As matas, ricas em ipês, jatobás e cedros (todas de real interesse dos importadores europeus), foram sendo exploradas a qualquer distância. Mas, como são encontradas distantes umas das outras e extraídas por “esquíderes”, em menos de dois anos, apenas os tocos são percebidos.

O problema mesmo são as derrubadas. Estas sim, destroem o ambiente, expulsam definitivamente a vida autóctone e desequilibram os ecossistemas.

Os invasores ou exploradores oportunistas, com certeza espantam e diminuem as espécies, mas não as eliminam. Em menos de três anos, a Natureza se recuperaria dessa ação nefasta. É só não derrubar as matas.

Pois bem, diante do que sempre vi e continuo vendo, esperneiem os bem-intencionados, criem leis, multem, ameacem, matem…. A bela Natureza, intacta, tal qual nos foi entregue por Deus, ruirá, porque, mais forte que todo argumento convincente é a ganância dos homens.

Conheci a Mata Atlântica e conheci também o Maranhão de 30 anos atrás. Hoje, estou acompanhando a destruição de uma pequena parte da Amazônia.

Há seis meses, com a valorização da madeira, as invasões começaram. Só no cantinho que visito, 19 corpos já tombaram na luta dos invasores pela melhor parte. Polícia federal, IBAMA, polícia civil…, todos foram acionados, avisados, mas a saga continua do mesmo jeitinho. E, infelizmente, assim sempre foi, continua sendo e será, até que se atinja o, de fato, FUNDO DO POÇO.

Podem os órgãos, com suas posturas radicais e, para muitos, suspeitas, confiscar gado, lacrar serrarias, prender, multar…, que as coisas continuarão acontecendo como sempre aconteceram, aqui e no resto do mundo.

É simplesmente impossível criar porcos em jardins, ou seja, manter a Natureza intacta com tanta gente nascendo e querendo sobreviver. Todo mal se origina de vários erros, mas no caso da proteção ambiental, o maior deles é o crescimento geométrico de uma raça humana egoísta e sem Deus.   As belezas naturais da Amazônia sucumbirão bem antes que se imagina, infelizmente.

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