QUEM É DEUS, COMO NASCEU, OU APARECEU ….? VOCÊ SABE? NEM EU!
Hoje estou com 85 anos. Aos oito eu começava minha inglória e impossível pretensão de me libertar da tarefa de entender quem é Deus, como surgiu, onde vive, como consegue não entrar em depressão diante do mais nada a fazer, por quê? Como? Onde? Por que, por que, por que, por quê?….Questionamentos que me fizeram escrever o livro, A PROCURA.
A tarefa mais árdua e impossível de se adequar à minha limitadíssima razão – desde o início – sempre esbarrou na onisciência, onipresença e onipotência do Criador. Jamais irei entender a razão da existência do mal, criado ou deixado acontecer a um Criador com todas as prerrogativas supracitadas. Para o meu entendimento, a ação foi parecida com a de um incauto criador de galinhas que, inadvertidamente, resolveu criar, juntamente a elas, raposas, gaviões, e gatos do mato; ou ainda, a um jardineiro que não quis abster-se da criação de suínos, agregando-os ao seu jardim de flores.
Ultimamente – vendo certas invenções e criações humanas – tenho aceitado a tradição de que fomos, de fato, feitos à imagem e semelhança do Criador: que se destaque “à semelhança”, porque, apenas resquício da aparência talvez nos tenha sido dado.
A Bíblia – nossa cartilha orientadora – foi-nos passada por escribas geniais, disto eu nunca duvidei. Dos 39 livros do Antigo Testamento – do Genesis a Malaquias – é de impressionar a coerência. Imagino que muitos relatos de livros apócrifos foram desconsiderados, a fim de que, a coerência pela chegada de Jesus fosse mantida. De qualquer forma, é impressionante a linha de raciocínio daqueles que, depois de haver juntado papiros danificados, organizaram-nos com tamanha harmonia para nos fazer acreditar no que escreveram.
Na maioria das vezes, há uma imagem estereotipada de Deus na cabeça das pessoas a respeito do lugar em que vive: alguém sentado em algum lugar do infinito, tocando harpa e aparentemente entediado por não ter mais o que fazer. Será que o céu se parece com isso? Duvido muito.
Como percebe, Ele é muito criativo. Se você tem alguma dúvida a respeito disso, somente contemple um pôr do sol, ou tente sondar como o Universo pode estar suspenso em união, de maneira totalmente segura; ou pense sobre a vastidão do espaço; ou leia sobre o DNA. Há milhões de casos estonteantes de Seu poder e sabedoria. Sim, Deus sabe um pouquinho das coisas!
Então, o que sabemos nós sobre o céu? A Bíblia nos ensina que não haverá mais choro nem dor? Esse lugar parece ser realmente excelente! Mas, com a eternidade disponível, haverá um tempo em que nos cansaremos até desses privilégios. Ah, esqueci-me que não haverá mais o tempo!
Com o que mais se parece o lugar em que os escolhidos viverão eternamente? Obviamente será um estilo de vida completamente novo. E se o mundo atual pode servir como exemplo, podemos esperar que o próximo mundo mostre muito mais da criatividade de Deus. Estamos falando de dimensões de tempo e espaço diferentes, e de novas atividades e entretenimentos com as quais nunca sequer sonhamos. E esse é justamente o X da questão: o que nos espera no céu está além do que podemos imaginar. Mesmo que tenha uma imaginação pródiga, jamais nos aproximaremos da realidade. Se nos fosse dado o direito de escolher, com certeza o faríamos segundo nossos sonhos aqui na Terra. Mas a Terra não me parece, sequer, estar nos planos de Deus. Jesus, por exemplo, poucos dias depois de ressuscitado, foi para o Pai. Logo, Deus não tem sua morada definitiva, por estas bandas. Jesus deixou representantes, mas Ele mesmo parece ter dado sua missão por cumprida.
O fato de a Lua influenciar a maré dos oceanos aqui na Terra? O que dizer do olho humano? Deus é extremamente criativo! Tudo o que temos a fazer é olhar à nossa volta. Nosso mundo é incrível! E talvez Deus ainda não tenha nem começado o Seu show. É bem provável que não tenha começado mesmo. Mas podemos estar confiantes do seguinte: seja lá como o céu for, ele será muito mais do que podemos imaginar agora, ou no futuro. Nós simplesmente não fazemos ideia.
Acho que meu problema maior é não conseguir uma resposta que me satisfaça, quando penso na ocupação de Deus. Outro dia, quando o despertador me acordou, pensei: irei ao banheiro para a higiene (já fui); o café (já tomei); escovar os dentes (já escovei); almoço, café da tarde, jantar, dormir… pronto, o despertador já toca novamente. Mas, meu Deus, se não há nada mais a fazer e se tudo o que deseja se faz imediatamente, como o Senhor vive? Enquanto o Senhor usa o “Faça-se’, nós temos que suar no cabo de uma enxada para melhorar nosso sítio.
Teria Deus criado os anjos maus – que disputam nossas almas – apenas para ocupar o tempo? Teria – já não tendo mais o que fazer – deixado que os anjos revoltados se rebelassem, para provar a eles que são espírito criados, mas não perfeitos e justos? Bem, digamos que foi assim, mas daí a proclamar-se bom e tornar-nos prêmios a serem disputados, sinceramente, fica difícil de entender. Há fatos duros que a Bíblia revela: “Não foram vocês que me escolheram: foi eu quem os escolhi; ninguém se salva a não ser pela vontade de Deus;….” Claro que estas não são, ipsis litteris, as palavras bíblicas, mas são mais ou menos assim.
Os geniais escribas organizadores dos textos bíblicos afirmam que Deus criou tudo o que existe em seis dias e reservou o sétimo para o descanso. Depois de tudo concluído, Ele achou que o que havia feito era bom e resolveu descansar. De fato, o que existe é simplesmente maravilhoso e intrigante. Hoje, no entanto, os homens – segundo os dons dados por Deus – estimam que tudo começou há 2,5 bilhões de anos e findou-se há 550 milhões de anos. Nesse tempo ocorreu grande acúmulo de oxigênio na atmosfera e foi nesse clima que apareceram as primeiras formas de vida unicelulares avançadas. Isto bate de frente com a afirmação bíblica do criacionismo, que afirma que todos os seres vivos surgiram na Terra por meio de uma criação divina. Segundo essa ideia, Deus criou todos os seres vivos, incluindo os seres humanos, no espaço de “seis dias”. O que não podemos esquecer é que: dias, para a Bíblia significam “eras”, bilhões, trilhões de anos. Na verdade, a evolução é a responsável por tudo o que existe na Terra. Deus criou a vida e deixou que cada ser fosse se adaptando para sobreviver. Agora estamos vivendo o tempo em que Deus está descansando, esperando que a evolução cumpra seu papel. Serão apenas alguns bilhões de anos, mas eles chegarão, pode acreditar.
E eu cá fico pensando – baseado, como sempre, na minha limitadíssima razão e no tanto tempo sem ter o que fazer: se hoje, durante meus 85 anos, o homem já evoluiu tanto, transformando-se – como sempre defendi – num semideus, não teria um daqueles seres primários evoluído a ponto de eliminar o tempo e se transformar num sábio eterno? Aí Deus teria surgido.
Que os estromatólitos surgiram na Terra – supostamente há três bilhões e oitocentos milhões de anos – não bate com os editores do Gênesis, no surgimento de Adão e Eva, ou seja, da raça humana. Biblicamente, Deus criou tudo em poucos dias (trilhões de anos), inclusive, o ser humano.
Deus sabe que qualquer humano que tentar explicá-Lo, servirá de chacota no céu, porque somos míseros seres vivos, limitadíssimos, em relação à sabedoria do Criador. Quem nos garante que daqui a alguns bilhões de anos, alguém poderá…. bem, deixa pra lá! Mas, estamos, dia a dia evoluindo e não havendo proibição, poderemos, daqui a mais ou menos quatro bilhões de anos, sermos, também, deuses criadores de outros universos. Não alcançaremos o Deus primeiro, porque, nesse tempo, Ele estará quatro bilhões de anos a nossa frente, mas poderemos ser como Ele, agora. Hummmm!…
Isto significa que nosso Deus todo poderoso pode ter tido início, nos estromatólitos, por exemplo e foi evoluindo, como nós humanos estamos fazendo agora. Não precisa rir, porque ninguém sabe melhor que eu, que quando mais mecho na palhada dos mistérios universais, mais perco a chance de encontrar a agulha que perdi. Às vezes me pergunto: por que isso me preocupa tanto, se achando ou não, tudo vai ser como está escrito nas estrelas? Peço desculpas em praticamente brincar com um assunto tão sério, mas, que fazer se isto me incomoda desde os primeiros anos de entendimento? Na verdade, concordo com a Filosofia do pensador holandês Baruch de Spinoza, que propôs uma ideia de Deus imanente e panteísta, resumida na máxima: Deus sive natura (“Deus, ou seja, a Natureza”). A única maneira de eu entender a presença de Deus em tudo e em qualquer lugar, é considerar a imanência. Não sendo assim, como pode Ele estar em todos os lugares: saber de cada fio de nossos cabelos? Revendo o parágrafo, me vem outra dúvida: como surgiram os estromatólitos?
Num tempo não tão distante, sabia-se que a menor partícula existente na formação de tudo quanto existe, era o átomo. Depois o dividiram em muitas outras partes, inclusive nas existentes, mas ainda invisíveis aos olhos da Ciência. E o tempo sem pressa continua criando séculos e eras: com os seres chegando, aprendendo, descobrindo e partindo para outra dimensão. Nosso velho átomo já virou procura de paleontólogos divinos. Cientista já falam em neutrinos, quarks, fótons, glúons…. Isto por enquanto, mas daqui mais alguns milênios – e não tenha pressa, eles chegarão – os quarks e Cia. mostrarão mais divisões. Já sabem os cientistas, que há partículas ainda desconhecidas vagando por todo o Universo. Agora mesmo elas devem estar passando por dentro de nós, passeando como se fôssemos, apenas, um bosque atrativo para elas. Mas poderiam ser lavas de um vulcão, ou epicentro da Terra: não faria diferença: continuariam indo e vindo naturalmente, porque nem a brisa suave, nem a temperatura de Planck conseguem afetá-la. Aliás, elas e tudo quando há é formado por tais partículas invisíveis. E aí entra minha divagação explicativa de Deus onipresente, sem princípio nem fim. Imagino que “logo aí atrás, há apenas alguns milhares de setilhões de séculos – puxa, parece que foi ontem!, apareceu uma dessas partículas. E aí, os segundos foram passando, e ela jogada de lá para cá. Bem, havia tempo e ela começou – como tudo o que acontece até hoje – a evoluir. Como nós, “apesar do curto tempo disponível” ela foi aprendendo, aprendendo, aprendendo, aprendendo…, até se tornar ALGUÉM mais inteligente.
Notem, por exemplo, como alguns seres humanos já evoluíram! Ver, aqui da Terra, uma nave espacial pousar em Marte e enviar mensagens e fotos em tempo real; criar celulares incríveis; fiscalizar com satélites, a nossa Terra e o próprio espaço…. Bem, ver e ouvir nossas grandes descobertas modernas é sinal mais que convincente de que muitos homens já se transformaram em semideuses. Só, que temos apenas alguns milhões de anos de evolução: um pouco menos do que aquela partícula que já vem se desenvolvendo naquela suposição acima mencionada.
Aquela partícula supracitada a que me referi, tanto evoluiu que acabou conseguindo suprimir o tempo, transformando-se em eterno.
Caramba! Por sorte, minha demência não requer internação imediata, mesmo porque toca simplesmente a mim, que estou no fim da caminhada. E nesse fim, toda minha curiosidade cessará… ou terminará. Serei apenas uma rápida lembrança ou rirei de mim mesmo, lá em cima, ao lado de minha família, de meus amigos…… e de Deus. Terei tempo de sobra para pedir a Ele, desculpas por escrever tantas bobagens. A verdade é que passei a vida tentando, com uma enxada, retirar o Everest do lugar. Agora, reconhecendo a impossível ação, preferi simplificar ouvindo a música inserida no link abaixo. Acho que Raul Seixas saiu-se melhor. Clique abaixo: