Tinamus Major olivascens – macuco da cabeça vermelha
O amigo Marcos Massarioli, através da Wikipédia, dá algumas informações: “O Macuco-do-pantanal ou Inhambu-açú (Tinamus major), em inglês Great tinamou, é uma ave tinamiforme florestal, terrícola, também conhecida como macuco-do-cocuruto-vermelho, macuco do igapó e macuco de topete, que vive em regiões de mata-de-várzea no Norte e Centro-Oeste do Brasil. Essa espécie e suas subespécies, ocupam vasta distribuição geográfica, abrangendo as Américas do Sul e Central, até o México. É ave cinegética. Muito arisca e cuja plumagem apresenta excelente coloração de camuflagem. Na região Norte do Brasil, divide seu habitat com outras espécies do gênero Tinamus, tais como, a Azulona (Tinamus tao) e o Macuquinho ou Inhambu-galinha (Tinamus guttatus), o menor representante do gênero. Sendo de maior ocorrência nessa região, a subespécie Tinamus major olivascens.”
Todo inhambu amazônico pia pouco, mas talvez seja o Major olivascens ou macuco-de-cabeça-vermelha o mais precavido de todos, pelo menos fora do tempo de reprodução. Do tamanho aproximado dos Solitarius, talvez um pouco menor, esses inhambus possuem a cor mais esbranquiçada ou cinzenta do que a dos macucos (Solitarius), sendo, em alguns detalhes de comportamento, totalmente diferentes. Quando as fêmeas se encontram no período receptivo, “chororocam” o dia todo. É um som diferente do chororocado compassado das macucas. Parece mais uma “lamúria” ou “gemido”. Passam o dia todo como se fossem uma Variegatus inconveniente (chororona) pisando nos “calcanhares” do macho o dia todo, sem parar um segundo “de avisar que está carente de atenção”. Chega ser enjoativo. Não há diferença acentuada de coloração entre os machos e as fêmeas. No tamanho, porém, nota-se a fêmea ligeiramente maior. Veja, nesta FOTO, a diferença de coloração entre Solitarius e Major olivascens.
Fora da reprodução é muito difícil ouvir um Major piar em seu habitat, a não ser minutos depois de empoleirado. É um piado lindo que pode ser ouvido a centenas de metros do local, principalmente se, no momento, a floresta estiver vivendo um raro momento de silêncio, já que os Tínamus empoleiram quando os diurnos se recolhem e os notívagus despertam. Seus piados vão de sete a onze repetições, emitidos seguidamente. Durante o dia, se não forem provocados, permanecerão em silêncio.
Tenho percebido que os casais vivem próximos, talvez levados pelos ensinamentos dos tempos, já que os depredadores reconhecem-lhes a voz e logo se aproximam para tentar a sorte. No mariscar diário eles acabam se encontrando ocasionalmente, sem necessidade de chamamento. Ao se recolherem aos poleiros, avisam que sobreviveram e estão na área. Ouça o PIADO de uma fêmea de Major. O macho, no entanto, apesar de piar menos, o faz com grande semelhança, apenas um pouco menos grave e, na maioria das vezes, mais curto.
Interessante mesmo é a “dança” do macho ao cortejar a fêmea. Emitindo, sem parar, um som característico, tipo um piadinho continuado e quase inaudível, de macuco , ele reteza o pescoço na horizontal e passa bastante tempo convidando a fêmea à cópula, sempre com curtos e insistentes passos. (Esclareço que muitos sons emitidos pelos inhambus são indefiníveis com palvras. Seria interessante gravar e demonstrar, mas são tantos que invibializam a idéia.) Aliás, se a Major estiver em seu tempo de reprodução, o macho nem precisa convidar tanto, porque logo ela se agacha rente o chão e o recebe. O cruzamento é idêntico ao das azulonas, macucos e pés-de-serra (Guttatus). Devido à semelhança, vivendo conjugados em cativeiro, as espécies cruzam entre si e filhotes híbridos nascem sem qualquer problema. Veja o CRUZAMENTO de um Tao com uma Major. As macucas de topete (majores) põem seis ovos, que levam 19 dias para eclodirem. Seu tamanho e cor são idênticos aos das macucas, talvez ligeiramente menores e com coloração menos carregada no azul. Veja o EXEMPLO comparativo.
Há macucos de topete ou de cabeça vermelha por toda Amazônia, mas meus estudos restringiram-se à região que vai de Novo Livramento ao município de Uruará – PA, margem do rio do mesmo nome. Dos Tínamus (Tinamídeos ou inhambus que empoleiram) os macucos (Solitarius) são os mais agressivos às demais espécies. Por isso, se alguém pretende criar muitas espécies num mesmo ambiente, não deve permitir, entre elas, os macucos. A convivência, por exemplo, entre macucos e pés-de-serra (Guttatus) é extremamente desaconselhável. A grande inconveniência dos macucos residem no fato de perseguirem e agredirem os adversários até à morte, escalpelando e levando à morte o adversário.
Os majores são muito sensíveis à alimentação. Suas penas logo se tornam esbranquiçadas se os alimentos não forem adequados. Veja nessa AQUI um macho que catava, no meio de uma dezena de opções, apenas a beterraba e a macaxeira. Uma outra característica marcante que, aliás, é de todo o gênero Tinamidae, é a síndrome do pânico, o estresse por alguma coisa que o assusta e da qual jamais esquece.
Certa feita criei três filhotes de majores, estando sempre com eles, arrancando-lhes minhocas, enfim, convivendo com eles diariamente. Ficaram tão mansos que me cuidava para não pisar em cima deles. Cresceram e continuaram mansos. Certa feita, ao pulverizar solução com Biocid, um deles assustou-se com a bomba, voando e se amoitando num canto. Daí para frente, era só ele ver a bomba que voava espavorido. Se eu entrasse sem a bomba, podia até acariciá-lo. Assim foi até o dia em que, num de seus vôos, ele enganchou o pescoço no buraco da tela, quebrando-o e caindo morto. O certo é que, tendo se espantado com alguma coisa, um inhambu jamais esquece. Teria muitas histórias sobre isso que talvez as enumere em seu devido tempo.
A seguir, uma foto DEMONSTRANDO as etapas de crescimento dos majores.
Obs.: Esta página está em construção. Conforme a lembrança de detalhes me ocorrer, irei acrescentando ou suprimindo alguma coisa. Isso valerá enquanto esta observação persistir.