MENINA DO LIXÃO

dezembro de 1998.

  • Hoje estamos iniciando uma experiência que poderá ser histórica em nossa cidade.
  • Não estamos aqui para dizer-lhes que poderão ficar despreocupados que iremos resolver todos os problemas de vocês. Estamos sim, para garantir-lhes condições para que, por seus próprios trabalhos e esforços, possam ter uma vida mais digna. Nenhum ser humano vem a este mundo para sobreviver mendigando.
  • Vou estabelecer quatro meses de experiência, porque sabemos dos tantos problemas e falhas que irão ocorrer, principalmente a mim que, confesso, conto apenas com minha boa vontade.
  • Vocês escolherão um líder aqui mesmo, entre vocês. Ele deve usar mais a bondade do que a justiça. Somente após todos os recursos, se algum membro da comunidade persistir no erro, aí sim será excluído do projeto.
  • Aqui, certamente, há gente de muitos naipes: trabalhadores, desanimados, gente que ainda sonha com uma vida melhor, gente que já perdeu as esperanças… bem, gente de todos os tipos, sentimentos e sonhos. Por isso, haveremos de ter paciência uns com os outros. Que cada um tente compreender o outro, mas nunca se esquecendo que, até que isto aconteça, deve aceitá-lo como ele é. Afinal, já se disse: que seria do mundo se todos fossem iguais, se todos gostassem ou detestassem as mesmas coisas? Não se esqueçam também do que já se disse: “Uma pessoa boa pode levantar o mundo”, ou que, “uma maçã podre pode estragar toda a caixa de maçãs boas”.
  • Nossas vicissitudes: coragem, medo, preguiça… Bem, somos diferentes uns dos outros.
  • Tentaremos amenizar a falta de higiene, porque não é fácil viver dentro daquilo que todo mundo joga fora: o lixo.
  • Ao procurar um dos padrinhos: médico, dentista e barbeiro, por favor façam a devida higiene, tomando banho, escovando os dentes ou lavando a cabeça.
  • Se houver demora no atendimento, tenham paciência e se a coisa se repetir muitas vezes, comuniquem-me, por favor. Não se esqueçam que, mesmo os que pagam, às vezes ficam horas esperando a vez.
  • Nesses primeiros quatro meses, queria apenas sugerir alguns pontos que considero urgentes, como:
  • Limpeza da área onde moram.
  • Perfurar uma cisterna para água potável, num lugar ainda não afetado pela impureza e protegê-la contra enxurradas e todo tipo de sujeira que possa contaminá-la.
  • Retirar o lixo amontoado em volta da casa e transportá-lo, no mínimo, a 200 metros do barraco em que vivem com a família.
  • Construir sanitários em lugares apropriados, filtrar ou ferver a água que tomam e orientar as crianças para que não defequem pelos quintais, mas apenas no lugar apropriado.
  • Fazer os exames, tratar as verminoses, tomar os fortificantes, cuidar dos dentes e da higiene. Tudo será gratuito, mas tomará bastante o tempo de vocês.
  • Vamos construir uma escola para as aulas do ano letivo de 1999.
  • Preparar uma área para hortaliças e outros alimentos e insistir para que as crianças se acostumem com elas, evitando a preferência por doces e carnes suspeitas.

SEGUNDA ETAPA DO PROJETO:

  1. Roupa adequada ao trabalho que fazem: botas, luvas etc.
  2. Reciclagem primária do lixo.
  3. Documentar todos os que vivem aqui.
  4. Regularizar a escola para que os estudos das crianças sejam reconhecidos pela Secretaria de Educação de Imperatriz.
  5. Providenciar palestras de professores especializados nas diversas áreas que envolvem a vida de vocês.
  6. Entrar com um projeto perante a CEMAR, solicitando a puxada de um fio para que possam ter, no mínimo, uma lâmpada em cada barraco.

 NÃO SE ESQUEÇAM:

Se vocês quiserem, em menos de dois anos tudo estará mudado para melhor. Para isso, é preciso trabalho, fé e muita, muita compreensão, desprendimento e humildade. Espero que vocês não desperdicem a oportunidade que Deus pôs no caminho de vocês. Há muita gente envolvida em ajudá-los. Não pensem que é fácil para os médicos, dentistas, barbeiros, laboratoristas, nutricionistas, professores e demais envolvidos no projeto, separar um dia da semana para melhorar a vida de vocês. Espero que entendam isso quando tiverem de esperar para serem atendidos. Todos eles praticam a caridade à exaustão. Que Deus mantenha em vocês o desprendimento. Nunca sejam gananciosos. Lutem sempre pelo necessário. Ninguém precisa mais que o necessário. O que sobra pra um, comumente é tirado de alguém. Imaginem um político que recebe 20 mil reais por mês de aposentadoria por quatro anos de trabalho e comparem o quanto faz falta a vocês, um simples salário mínimo. Mas tenham fé, porque em algum lugar, num tempo qualquer, a justiça existe e será aplicada a todos os homens explorados e exploradores.

Que Deus e os homens de bem nos ajudem a amenizar o grande sofrimento, ora visível e palpável no semblante de todos vocês.

A Menina do Lixão

Livro na Editora

A vida passa, devagarzinho, mas passa. Parece o ponteiro das horas de um relógio: vai consumindo o dia… e a nossa existência, sem que percebamos o ponteiro das horas se movimentando. Depois, as semanas também vão passando, e por mais que nos olhemos no espelho, de um dia para o outro, jamais notamos a evolução das rugas, a falta de um cabelo ou a coloração mais amarelecida de um dente. E tudo vai acontecendo, empurrando-nos irreversivelmente “para o fim do começo”. Quando em vez encontramos um amigo de infância e, então, depois de meio século, tomamos um susto com o que aconteceu com ele. Parece ter saído recentemente do hospital ou vindo de uma longa guerra, tal o estrago que os pequeninos ataques do tempo, somados, lhe causaram. E assim a vida vai passando para todos nós, um por um. Aqueles que tiverem sorte, volverão os olhos para dentro de si e, reconhecendo a urgência, tomarão a primeira montaria e seguirão em direção ao grito de socorro que vem de Mokattam… ou de algum outro gueto do mundo.

Se não jogar, não terá chance alguma de ser premiado. Admitindo ou não, o fim chegará; querendo ou não, o livro dos mistérios abrir-se-á, muito antes que imagina, para saciar sua curiosidade. É bom jogar, porque é muito triste saber que não se tem a mínima chance de levar o prêmio. Há muitos Mokattans por aí: jogue!

Observação: Mokattam é um dos maiores bairros do Egito. Nele viveram e ainda vivem os catadores de lixo da cidade do Cairo. Não tentarei a façanha de Emmanuelle (freira belga da congregação “Notre Dame de Sión”, que antes se chamava Madeleine Cinquin, nem transcreverei aqui o seu desabafo, embora saiba que todos os governantes procuram esconder a miséria que grassa nas cercanias das cidades de que são responsáveis. Direi apenas que uma cidade não se resume ao centro, em sua rua principal. Ali moram os que conseguiram fugir do inferno ou que talvez tenham nascido fora dele. Mas, ainda que em dias de festa, bandas toquem o hino da pátria para um palanque de engravatados, o inferno continua existindo, logo ali, bem ali, nas cercanias, nas favelas, nos guetos, nas regiões ribeirinhas ou nos lixões.

“Havia um homem rico que se vestia com roupas de púrpura e linho finíssimo. Todos os dias dava esplêndidos banquetes. Um pobre, de nome Lázaro, coberto de feridas, ficava deitado junto ao portão do rico. Desejava matar a fome com o que caía da mesa do rico. Em vez disso eram os cães que lambiam suas feridas! Aconteceu que o pobre morreu e foi levado pelos anjos para junto de Abraão. Também o rico morreu e foi sepultado. E no julgamento justo e eterno, em meio aos tormentos, levantou os olhos e viu de longe Abraão, e Lázaro ao seu lado. Ele então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda que Lázaro molhe a ponta do dedo e venha refrescar-me a língua, porque sofro nestas chamas”.

APRESENTAÇÃO

A Menina do lixão surgiu por acaso. Bem poderia se somar às fantásticas histórias que um dia foram escritas sobre homens que adormeciam no comodismo, ou mesmo perseguiam as pessoas, e que acabaram se tornando exemplos de vida para a humanidade, depois de um simples acontecimento que tocou os seus corações.
Mudar! Transformar-se para que seu ato se reflita em outras pessoas é a graça que Deus dá todos os dias a todas os seres humanos. Assim como para uma nova árvore, a natureza lança ao solo milhões de sementes, assim também, para que um pecador se salve, deixou Deus uma infinidade de opções, oferecidas, principalmente pelos milhões de miseráveis que precisam de ajuda.

A eles, a crueza do sofrimento; aos afortunados, toda chance de praticarem o caridade, fazendo alguma coisa para diminuir ou mesmo eliminar os desníveis sociais.

A menina do lixão pretende mostrar a realidade de uma luta em prol de alguns excluídos, tanto para exame de nossos políticos, como para exame da sociedade brasileira mais bem-sucedida… e um tanto esquecida do segundo mandamento cristão.
Tudo o que vai escrito pode ser comprovado, menos o romance que surgiu para arrefecer a leitura e que veio de uma outra história, também verdadeira, mas ocorrida em lugar, tempo e com pessoas muito diferentes. É importante que o leitor não se prenda a algumas incoerências, pois elas sempre foram o fator mais presente em todas as pessoas que compunham aquela comunidade.

No começo, fazer parte e se retirar do projeto era uma constante. Somente na última etapa, quando passaram a acreditar que as pessoas envolvidas desejavam mesmo fazer-lhes alguma coisa de bom é que se mantiveram firmes em suas posições e planos de mudança de vida. Com tal inconstância, foi praticamente impossível manter a coerência, porém, não, a verdade. Foi a mais dura e, ao mesmo tempo, a mais doce e compensadora das experiências humanas que já tive na vida, apesar de tantas outras em áreas diferentes.

Hoje, 80% daquelas pessoas que viviam sem perspectiva de vida, doentes, na mais extrema miséria, analfabetas, muitas já entregues às drogas, têm pela frente novos sonhos e um sorriso de esperança nos lábios. Dentro de meu conceito de felicidade, sempre imune à ganância e sempre atada ao necessário para a dignidade humana, penso que, Antônio Maria e seus amigos conseguiram atingir plenamente o objetivo. Às vezes fico imaginando se não é por causa das pessoas esforçadas em praticar o bem, que Deus ainda não extinguiu a raça humana. Resolvi contar esta luta, não para que as pessoas envolvidas recebam aqui neste mundo, os louros de sua boa obra, mas para que, ao menos os brasileiros, vêm e sintam que é possível diminuir a miséria e o sofrimento que crescem assustadoramente. Parece haver chegado o momento de os brasileiros se convencerem de que é inútil esperar alguma coisa daqueles que, recebendo o poder, se esquecem da equanimidade. Na verdade, são os césares de que falou Jesus e, a eles, o que a eles pertencem.

UM JORNALISTA SEM DIPLOMA

Num dia qualquer de julho de 1998, Antônio Maria sentiu-se acossado, mais uma vez, pela ideia fixa de ser escritor. Ainda não havia se libertado da ilusão de achar que escrever um bom livro era a coisa mais importante que um homem poderia realizar na vida. Nos seus tempos de adolescência, devorava livros e muito se prendia às biografias, sempre alimentadas por sua ideia fértil de transformar autores famosos em verdadeiros super-homens. Mas, se Deus deixara com ele algum resquício de tal vocação, certamente tal porção não daria para satisfazer os aficionados da mais simples literatura de cordel. Conseguiria, possivelmente, um sofrível roteiro dos “Teletubbies”. Mesmo assim, Antônio sonhava. Não foram poucos os momentos perdidos com tais divagações!

Numa tarde cinzenta de julho, já com nuvens amontoadas para o lado do oriente (com trovoadas prenunciando as costumeiras chuvas das mangas e dos cajus), ele pensou em visitar o Lixão de Imperatriz. Tencionava escrever, mostrar e documentar, até que ponto podem descer os seres humanos, tanto aqueles que se submetem a uma vida subumana, como aqueles que, podendo evitar, permitem que essas coisas continuem acontecendo ao seu redor. Munido de seus sofríveis instrumentos de trabalho (caneta, papel, máquina fotográfica e filmadora) ele partiu para o “Lixão de Imperatriz”: um lugar desprezível que fica a nove quilômetros da cidade, seguindo pela Estrada do Arroz. Segundo se comentava, crianças e mulheres grávidas disputavam com urubus e cães sarnentos, os restos de comida que a população de Imperatriz descartava. Antônio nunca estivera lá antes e se sentiu surpreso quando, na curva de um pequeno aclive, deparou-se com uma enorme placa: “SEJA BEM-VINDO AO LIXÃO DE IMPERATRIZ”.

Dobrou à esquerda, desfez mais uns 50 metros e viu estampada a imagem da miséria humana: um quadro realista que sobrepujava a fértil imaginação de Alighieri, na retratação do inferno. Dezenas de caminhões com dejetos diversos: materiais imprestáveis, lixo hospitalar, animais mortos…, chegavam e descarregavam suas caçambas lotadas. E ali, crianças, homens e mulheres grávidas disputavam alguma coisa que lhes podia interessar. O que a princípio lhe causou um grande entusiasmo pela matéria sensacionalista que poderia proporcionar, aos poucos foi-lhe despertando para a triste realidade, principalmente quando fitou de frente, crianças sem nenhuma perspectiva de vida. Mocinhas ingênuas que, em sua pureza de criança, ainda esboçavam um sorriso como se aquilo fosse muito engraçado e natural.

Como houvesse chovido pela manhã, as moscas, atraídas pelo aumento do mau-cheiro que era sentido a mais de 500 metros de distância, aumentavam assustadoramente. Era preciso ter muito cuidado ao abrir a boca, pois alguns dos milhares que sobrevoavam, bem podiam se oferecer como alimento. Antônio tentou conversar com algumas daquelas pessoas adultas que ali se encontravam, mas todas se negaram, dizendo que já estavam cansadas de ser exploradas por “jornalistas” cujo único objetivo era lançar a opinião pública contra o prefeito, dando margens para que o mesmo lhes tirasse dali: único meio de sobrevivência.

Fotografando aqui e ali, filmando o que podia, Antônio acabou se deparando com duas crianças sentadas no meio do lixo, recostadas em sacos que continham alguma coisa recolhida. Ao lado, dentro de sacos plásticos sujos, restos que foram jogados fora no desjejum de alguma família da cidade (pães, frutas…). A pele deles estava toda manchada por micoses e a cor era plúmbea, possivelmente ocasionada por verminoses. Aparentemente, eram fortes, principalmente se avaliados quanto a vida que levavam, os lugares em que dormiam e do que se alimentavam. Tinham que sobreviver para se transformar na prova de acusação mais contundente contra todos os que podem fazer alguma coisa para amenizar tamanha miséria… e não fazem.

Antônio voltou apressado. Não via a hora de entrar debaixo do chuveiro para livrar-se daquele mau-cheiro de azedo que parecia haver-se impregnado até na alma. No carro, as centenas de moscas que havia dentro, aos poucos iam se libertando, graças aos vidros abertos que lhes davam a oportunidade de fuga. O artigo saiu com o título “A nove quilômetros de nós”, no dia 16 de julho de 1998″, no jornal “O Progresso”. Mas, já não era mais uma exploração da miséria humana, e sim um apelo para que a sociedade se unisse a fim de evitar que Deus castigasse a cidade por permitir tamanha injustiça social.

Eis trechos da reportagem de Antônio Maria, sem as fotos que a ilustravam:

Quando vemos e ouvimos reportagens sobre a miséria que grassa nos países em guerra civil, com famílias inteiras dizimadas, mutiladas, com alguns sobreviventes se definhando literalmente de fome, ficamos horrorizados diante do descaso dos países desenvolvidos financeira e culturalmente, não entendendo como essas coisas podem acontecer em pleno século XX.
Logo que os caminhões descarregam, crianças como nossos filhos, com cabeça, tronco e membros, com desejos muito parecidos com os desejos de nossos filhos, descobrem aquelas coisas que “jogamos fora agarrando apenas com dois dedos” e fazem seu desjejum; não numa mesa farta com toalhas alvas, mas sentados no meio do lixo, recostados a velhos sacos, ao lado de milhares, ou talvez milhões de moscas insaciáveis. Moscas que pousaram em resíduos hospitalares e portavam nas patinhas, Deus sabe lá que bactéria ou vírus.

Enquanto isso, seus pais e irmãos mais velhos continuam a labuta, descobrindo qualquer coisa que possa lhes render algum dinheiro, principalmente para alguma necessidade que não pode ser resolvida com o que encontram no lixo. Ali passam o dia. Depois, cai a tarde e chega a noite. Hora de se recolherem, tomar um bom banho, assistir a um programa de televisão, descansar num colchão macio…, embalarem-se ao som monótono, ainda que de um ventilador. Mas não há água, não há mesas decentes, não há energia, não há lugar para se amarrar as redes.

Diante do que vi e presenciei, não me pude furtar à tentativa de amenizar, ainda que um pouco, o sofrimento daqueles irmãos. Juntamente com amigos que acreditam nos ensinamentos cristãos de que devemos “amar nosso próximo como a nós mesmos“, estou tentando um pequeno projeto de assistência social àquelas famílias. Lá, temporariamente, sobrevivem outras pessoas, mas apenas umas 15 famílias fizeram do Lixão a única alternativa de vida. É a essas famílias que pretendo, com o apoio de amigos sensibilizados, fazer alguma coisa. Penso, grosso modo, encontrar para elas, os seguintes padrinhos temporários:

Um médico
Um laboratorista
Um dentista
Um religioso cristão
Alguém que ajude com uma cesta básica semanal
Um ou uma assistente social
Uma escola
Uma professora
Uma nutricionista

A experiência inicial será de quatro meses e o PROJETO, depois de lavrado e mais bem estudado, terá a duração máxima de um ano (tempo que considero necessário para que possam, depois, seguir sozinhos). Estou certo de que isso não chega a representar uma gota d’água no oceano de miséria que nos circunda, mas poderá se transformar numa torrente, se nos unirmos. Utopia sim, mas não tanta quanto a realidade triste da miséria de muita gente. Não estou com pressa, mesmo porque sei que essas coisas sempre existirão no mundo, mas talvez não seja bom desperdiçar a oportunidade que a ocasião me oferece. Minha intenção com esta página é pedir sugestões e arrebanhar aqueles que desejam participar da experiência. Se houver algum interessado, tanto em sugestões como em participação direta no projeto (médicos, dentistas, escolas…) que se comunique comigo. O barulho que lá se ouve é de insetos que, como os miseráveis, ali procuram a subsistência. Bem disse deles, o poeta Zeca Tocantins:

“São casas, são tocas
São homens, são bichos?
Ou são simples malocas
Formadas no lixo?

Se casa, se tocas
Se vives cativo
Bem pouco importa
Se és homem, se és bicho.”

Dói, mas dói fundo na alma, olhar para adolescentes revirando o lixo em busca de alguma coisa que lhes possa render alguns míseros centavos. Um pouco mais distante deles, aqui em Imperatriz, jovens como eles estão nas salas de aula, aprendendo tudo o que possa livrá-los “de um lixão”, mas, talvez não, de como fazer para diminuir tantas injustiças sociais. Aqui, na hora do almoço, muitos se sentarão à mesa farta, e encherão o prato, deixando sobras que bem poderiam ser usadas por aquelas crianças famintas, antes de passar pelos caminhões de lixo. Aqui também há fome e miséria, porém nada que possa comparar à promiscuidade de vida daqueles seres humanos.

O livro Menina do lixão, capa ao lado, já se encontra na Gráfica Brasil para impressão.

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